Estado conta com 4,1 mil produtores de orgânicos, o que representa 16% do total nacional
Crescimento da demanda, programas governamentais, incentivos à produção e certificação são alguns dos fatores que fazem com que o Paraná se destaque no cenário nacional de agricultura orgânica. Atualmente são 4,1 mil produtores, mas o número praticamente dobra a cada quatro anos. Em 2018 eram 2,4 mil produtores de orgânicos.
Demanda
Segundo ele, a procura por alimentos orgânicos vem aumentando ano a ano. “A população preza cada dia mais pelo consumo de alimentos que beneficiem a saúde e bem-estar, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. Fator este que estimula o consumo e faz com que os orgânicos ganhem destaque no cenário comercial”, avalia Almeida.
A Organis – Associação de Promoção dos Orgânicos – fez um estudo divulgado no início deste ano, que mostra que 31% dos brasileiros consomem algum item orgânico em período de 30 dias. Um aumento de 63% em relação à pesquisa de 2019, quando 19% das pessoas declararam consumir orgânicos. Os itens mais consumidos são os hortifrutis, com 75% da preferência.
Segundo a entidade, a pesquisa mostra ainda que a maioria, 73% dos entrevistados, afirmou ter aumentado o consumo de orgânicos por ser mais saudável ou para melhorar a saúde.
Desafios
“Notamos que por se tratar de um sistema de produção em elevação constante, muitos agricultores ainda sofrem com a falta de insumos adequados, assistência técnica especializada, constantes modificações na legislação, falta de equipamentos e principalmente, canais de comercialização confiáveis e com escala contratável, diminuindo assim os riscos no campo e fortalecendo a cadeia como um todo”, avalia o engenheiro Almeida, como pontos de melhoria.
A pesquisa da Organis também aponta o fator econômico como empecilho principal entre os consumidores: 67% dos brasileiros consideram os orgânicos caros ou muito caros – apesar de reconhecer que os preços cobrados são justificados, em razão do custo de produção maior.
Vantagens
Consumidor, produtor e meio ambiente, todos se beneficiam
Sistema de produção menos invasivo, contribuindo para a manutenção saudável da água e do solo.
Consumidor se beneficia diretamente por ser um produto mais saudável, sem a presença de agroquímicos, sem o uso de fertilizantes solúveis e de alto impacto, consumindo um alimento mais estável e equilibrado
Produtor ganha praticando uma agricultura mais racional, beneficiando diretamente o meio ambiente e leva vantagem em relação a saúde, diminuindo risco de contaminação, além de agregar mais valor.
(Fonte: Engenheiro Agrônomo Douglas Dias de Almeida)
Paraná Mais Orgânico
Programa tem 13 anos e prevê apoio e fomento à produção, assistência técnica e comercialização de produtos orgânicos
Desenvolvido pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (SETI), o Paraná Mais Orgânico é uma parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar- Emater (IDR-Paraná), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, ao Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e às instituições estaduais de Ensino Superior.
“O Programa já passou por vários governos e segue firme no propósito de consolidar o Paraná como o estado com maior número de produtores de orgânicos”, salienta o coordenador Estadual de Agroecologia do IDR-PR, Engenheiro Agrônomo André Miguel. Podem participar do programa os 260 mil agricultores familiares do estado. “O Programa tem se tornado referência para outros estados”, informa Miguel.
Segundo ele, a condição de comercialização dos produtos é muito variada no Paraná. Isso porque perto dos grandes centros existe uma espécie de cinturão verde com um público consumidor cativo das cidades. “A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) concentra o maior número de agricultores orgânicos, são 1.530”, contabiliza.
Já nas cidades menores, do interior do estado, o desafio é formar volume de determinada cultura para o envio aos grandes centros. “Entre as metas do Programa está fornecer 100% de produtos orgânicos na alimentação escolar até 2030. E o trabalho é para que isso seja alcançado priorizando a produção local”, destaca Miguel.
E o Engenheiro Agrônomo ainda compartilha mais um benefício do Programa, que é o combate ao êxodo rural. “No momento em que os produtores, principalmente os mais jovens, conseguem ter uma renda que permita permanecer no campo, isso serve de motivação para seguirem na profissão”, explica e completa que “a renda com um ou dois hectares de terra produzindo orgânicos e empregando mão de obra familiar pode chegar a cinco salários mínimos”.
O texto que acabou de ler faz parte da revista do Crea-PR edição 105.
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